Objetivos
. Identificar as políticas públicas para primeira infância no seu território
. Fazer uma cobertura que respeite, valorize e não exponha as crianças
Referência
A primeira infância, período do nascimento até os 6 anos de idade, é uma janela de experiências, descobertas e afetos. É quando 90% das conexões cerebrais são formadas. Por isso, cada momento vivido nessa fase importa tanto. Discutir e ampliar o debate sobre o tema diz respeito a todas e todos nós, a uma sociedade saudável e sustentável. Ainda mais porque quase metade das crianças brasileiras de 0 a 5 anos vivem em situação de pobreza, segundo o Observatório do Marco Legal da Primeira Infância. A Énois lançou um manual dedicado a falar sobre como cobrir questões de primeira infância e adolescência, parte das formações de Jornalismo e Território, e realizou um Redação Aberta sobre o tema.
Resultado
. Conseguir identificar as políticas públicas para primeira infância no seu território
. Pautar temas relevantes e pouco cobertos sobre infância na imprensa
. Fazer uma cobertura que respeite, valorize e não exponha as crianças
Como medir
. Qualidade das produções sobre primeira infância
. Auditoria de fontes entrevistadas sobre o tema infância
. Auditoria das reportagens produzidas
Passo a passo
Dê importância ao tema. A primeira infância, período do nascimento até os 6 anos de idade, é uma janela de experiências, descobertas e afetos levados para o resto da vida. É quando 90% das conexões cerebrais são formadas. Por isso, visibilizar o tema diz respeito a todas e a todos nós, enquanto sociedade.
Transversalidade. É preciso compreender que o tema infância pode ser pautado dentro de várias editorias, como cultura, saúde, educação, mas também política, meio ambiente e economia. Ao falar de mudanças climáticas, por exemplo, podemos abordar como as crianças estão sendo impactadas. As crianças são um segmento da sociedade afetado por todas as questões.
Oportunidades de pautas. Quando o tema é primeira infância, de acordo com um levantamento feito pela Andi – Comunicação e Direitos, os temas mais cobertos são saúde, educação e violência. Porém, há temas relevantes ainda sem grande atenção da mídia, como a parentalidade e cidades sustentáveis para crianças.
Contextualizar. O problema da cobertura da infância não é necessariamente a quantidade, porém a qualidade das produções. A cobertura ainda é muito centralizada no factual, mas explora muito pouco o contexto, isto é, as questões que levam àquela situação descrita. É preciso trazer informações sobre as legislações que amparam aquela discussão, quais as falhas da sociedade que permitiram aquilo ocorrer, etc. Investigue as causas que levam as crianças a estarem em situações de vulnerabilidade.
Canal de defesa. Dessa forma, além de denunciar, o jornalismo atua como um canal de defesa das políticas públicas para a criança e o adolescente. O jornalismo pode evidenciar uma questão, provocando os governos a discutirem o tema com mais profundidade.
Fontes. Busque fontes diversas. Geralmente, a cobertura de primeira infância escuta pouco os executivos estaduais e o judiciário, em comparação às entrevistas realizadas como o executivo nacional.
Informação. Procure saber o que são as políticas públicas para a primeira infância, onde elas existem no seu território, quem as opera e se existe um orçamento para a questão. Cobre transparência sobre a execução dessas políticas. As políticas públicas para primeira infância começam ainda antes do nascimento de um bebê, com o planejamento familiar e a assistência pré-natal.
Não há uma solução única. Lembre-se, a questão da infância está diluída em várias outras demandas sociais, então não haverá uma solução única ou frente única para resolver todos os problemas. Procure identificar o que compete a cada órgão.
Use bases de dados abertos. Várias das políticas públicas para a primeira infância – como número de creches, cobertura vacinal, mortalidade materna – podem ser acompanhadas por meio de bases de dados abertos mantidas pelos ministérios da Educação e Saúde.
Transparência. Existem alguns índices sobre primeira infância que ainda são difíceis de medir, como os orçamentos previstos para as crianças pelas cidades, estados e pelo país. Faz parte do trabalho do jornalista atuar para a transparência dessas informações, que podem apontar a relevância da questão para os governos.
Traduzir as informações. É importante também mostrar para a nossa audiência como ela pode identificar as políticas públicas ou falhas delas na prática, no dia a dia dela. Traduzir o que o corte de orçamento na saúde e na educação, por exemplo, representa no cotidiano, como falta de profissionais de saúde para realizar um pré-natal ou falta de vagas em creches, por exemplo.
Ouvir as crianças. Para falar sobre infância, é fundamental enxergar as crianças como protagonistas, colocá-las no centro do debate. As crianças são sujeitos de direitos, está descrito na Constituição Federal de 1988, então têm poder de opinião, de dizer o que pensam e como querem a própria realidade. Não considerar isso é ter um olhar adultocêntrico sobre a infância. As pautas precisam ser com as crianças e não sobre as crianças. Para entrevistá-las, porém, é preciso seguir uma série de regras e ter cuidado. A Jeduca – Associação de Jornalistas que cobrem educação – tem um guia para entrevistar crianças.
Atenção. Quando a criança sofreu algum tipo de violência, o mais recomendado é não entrevistá-la, para evitar a revitimização, para que ela não reviva o trauma que sofreu e o amplifique.